O Joel é crítico de TV num dos mais antigos e prestigiados órgãos de imprensa em Portugal, o Diário de Notícias. São 147 anos de história contada todos os dias. E as crónicas fazem parte dos jornais desde que me lembro.
O Joel é um céptico. Disso não tenho dúvidas. Quando leio as suas crónicas, sinto um mal estar profundo com as coisas que escreve que me faz tirar esta conclusão.
Eu adoro corrigir as pessoas. Especialmente quando eu sei que tenho razão e elas não. Os únicos casos em que eu odeio fazer isto é quando tenho de corrigir críticos de TV e de cinema, especialmente por aquilo que dizem. Mas já lá vamos.
Peguei em 2 das suas crónicas para o corrigir em bastante do que diz. Não porque tenha prazer em fazê-lo, mas porque não gosto de ver erros destes numa publicação com 147 anos de vida. Só isso.
Refiro desde já que não vou corrigir a sua opinião, cada um tem a sua, apenas erros que encontrei quando estava a ler as suas crónicas. E sim, são erros factuais, complementados com links
23 de Dezembro de 2011: Tempo Perdido
Nesta crónica, o Joel analisa Luther, uma das séries preferidas da minha mãe. Mãe essa que, vendo CSIs e NCIS e outras séries do género, até acha Luther bastante original.
Tenho-lhe a dizer que, ao contrário da minha mãe, eu não vejo Luther, por isso não tenho uma opinião formada quanto à série. No entanto, o Joel refere audiências. E aí há factos que não podem ser negados. São números, há empresas que ganham a vida a analisar (e até mesmo a aldrabar) essas estatísticas.
Resultado: as audiências começaram bem, mas rapidamente caíram a pique, chegando mesmo a fazer crer que a série acabaria por ali. Os produtores conseguiram, ainda assim, financiamento para uma segunda temporada, investindo tudo na personagem principal.OK, nada de errado aqui. Sim, as audiências caíram a pique, especialmente do 2º para o 3º episódio, atingindo mesmo um mínimo de 3.61 milhões de espectadores no 5º episódio, depois de uma estreia com 6.35 milhões. Estava-me a referir à outra parte do texto em que fala de audiências.
As audiências, essas, continuam mal. E o melhor é os (eventuais) fãs da coisa a aproveitarem já, porque não dura de certeza.Ai o erro. Lamento desiludi-lo, mas a segunda temporada da "coisa" (your words, not mine) teve valores superiores a 6 milhões de telespectadores em todos os episódios. Auch. E diz que, devido às más audiências, a série não vai durar. Pois bem, em Agosto de 2011, uns meses antes do seu texto, a BBC confirmava a encomenda de uma terceira temporada.
Tal como disse, há empresas que dão emprego graças aos dados audiométricos. E se for aqui, poderá encontrar os Tops semanais de programas no Reino Unido. You're welcome. Por cá estamos mal habituados, eu sei. É pena.
15 de Fevereiro de 2012: Expectativas e Lembretes
E foi este o texto que me fez escrever isto. O texto que faz com que eu fique, de alguma forma, zangado com o Joel. Porque o Joel escreveu sem se informar.
Foco-me na primeira parte da crónica, aquela em que fala sobre Smash, uma das novas séries da temporada. Foi, sem dúvida, uma das mais promovidas, incluindo em Portugal.
Por um lado, é a tentativa de reprodução em Portugal daquele que, nos EUA, foi o lançamento mais bem-sucedido dos últimos anos.Tenho de o parar aí. Sim, foi o lançamento mais bem sucedido dos últimos anos... Naquele canal específico, a NBC, que está desesperadamente à procura de um êxito. Aliás, quando a sua crónica foi escrita (presumo que tenha sido no dia 14), já Smash tinha perdido quase 3.5 milhões de espectadores, face aos 11.5 milhões que viram o primeiro episódio. Neste momento, com três episódios, já perdeu mais de 5 milhões em relação à estreia.
Não sei se é boa ou má, Smash. Tampouco me entusiasma o facto de ser produzida por Spielberg, que também estava por detrás desse fracasso chamado Falling Skies.Não sabe? Veja. A malta da Time Out vê séries "antes de nós". Acho que ninguém se queixou até agora.
E desde quando é que Falling Skies é fracasso? Ou estará a confundir com Terra Nova? Vamos lá esclarecer:
- Falling Skies teve a estreia mais vista do cabo em 2011 e empatou com American Horror Story (série de Ryan Murphy que, para si, e segundo esta linha de pensamento demonstrada na sua crónica, se chama Nip/Tuck) para o título de série mais vista do cabo no ano transacto. A série foi altamente promovida em vários países, incluindo Portugal, onde algumas paragens de autocarro de Lisboa tinham "naves alienígena" estacionadas na cobertura. Isto é Falling Skies.
- Terra Nova... Foi um dos fiascos do ano, sem dúvida. Eram esperados melhores efeitos visuais, especialmente depois dos três meses extra dados. Era para ter estreado em Maio com uma exibição especial do episódio piloto, sabia? Pois. Só que foi tudo adiado para Setembro, para dar mais tempo à pós-produção para melhorar os efeitos. Que saíram fracotes, diga-se. E as audiências foram bastante instáveis. Eu apenas vi o piloto e creio que ainda vi o 3º episódio, mas críticas de um blog de confiança dizem-me que aquilo começava a ir pelo caminho de série de sábado de manhã: Histórias demasiado básicas.
Errar numa coisa destas é grave, meu caro. Mas como eu o entendo em relação a Smash. "Estou farto". Sim, Glee deu cabo disto tudo. Mas veja Smash como outra coisa! Entusiasme-se, homem! A vida não são só torneios de golfe para comentar! (a sério, comentar torneios de golfe? Se bem que pior seria comentar partidas de xadrez.)
Uma dica: Tente falar com a malta da Time Out para eles lhe ensinarem como é que pode ver as séries antes de estrearem cá. Assim formava uma opinião concreta sobre o produto e escusava de dizer "Meh, que chatice, lá vou ter eu de ver isto". É mais bonito ver antes e dizer mal (ou bem, como queira) do que não ver e já pensar mal do produto. Sim, é melhor ter expectativas baixas, mas tê-las permitindo que possam subir quando possível.
Eu leio e escrevo sobre TV norte-americana há algum tempo, e há coisas que me irritam, especialmente a falta de cuidado em relação a várias coisas (títulos, nomes de actores, audiências, etc...) que existe em Portugal. Temos a SIC a promover o remake de Os Anjos de Charlie como sendo um êxito de audiências e uma série fabulosa quando a crítica da especialidade não gostou (foi considerada das piores estreias do ano) e a própria audiência também não gostou (cancelada após 4 episódios). Se temos de ver estas coisas? Sim. Se é uma chatice? Às vezes é.
Se nos divertimos a gozar com o que vimos? Pode crer que sim.
E já agora, em relação à sua crónica de hoje: O Vítor Moura e o José Vieira Mendes até não fazem um mau trabalho, tendo em conta que é a TVI que transmite os Óscares. Aqui há uns anos tínhamos uma senhora que era uma fabulosa comentadora de vestidos no AXN. A malta não gostou. Ela foi-se embora. E ainda bem. O VM e o JVM não comentam vestidos, eles percebem minimamente de cinema, sabem quando devem estar calados (embora falhem algumas vezes) e quando devem falar.
E é das poucas noites em que consigo gostar de ver a TVI.
Um abraço, Joel. E se ainda se queixa desses quilos a mais (embora pela foto, pareça mais magro), um conselho: Sorrir exercita mais músculos na cara do que nenhuma expressão.
Tem de começar por algum lado, certo?
(Este texto foi enviado para o email de Joel Neto, cronista do grupo Controlinveste.)
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